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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EDWÍGES DE SÁ PEREIRA

( Brasil – Pernambuco )

 

( 1885 – 1959 )

 

Filha do advogado José Bonifácio de Sá Pereira e de Maria Amélia Gonçalves da Rocha, Edwiges de Sá Pereira nasceu no dia 25 de outubro de 1884, em Barreiros, Pernambuco. Estudou no Colégio Eucarístico, e começou a lecionar aos treze anos de idade, dedicando-se à Educação Fundamental. Lecionou as disciplinas de História do Brasil e História Geral, no Instituto Nossa Senhora do Carmo; ensinou Português, no Curso Comercial do Colégio Eucarístico; atuou como superintendente de ensino, em várias escolas; e, galgando todos os degraus, chegou ao patamar de professora catedrática da Escola Normal.

Edwiges não foi, somente, uma grande educadora. Pioneira na luta pelos direitos da mulher, ela lutou pela conquista da emancipação feminina. Em dezembro de 1922, participou do I Congresso Internacional Feminista e, mediante seu apoio, foi fundada a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF). Publicou trabalhos em periódicos, deu palestras defendendo o divórcio e a "elevação" intelectual das mulheres, e participou de campanhas sufragistas, lutando pela conquista do voto feminino no país. Tratava-se, este, diga-se de passagem, de um direito justo, que a Revolução de 1930 veio ratificar.

No II Congresso Internacional Feminista, em 1931, que ocorreu no Rio de Janeiro, Edwiges proferiu um discurso intitulado Pela Mulher, para a Mulher, no qual dividiu a população feminina em três categorias: 1) as mulheres não precisavam trabalhar; 2) as que sabiam e precisavam trabalhar; e, 3) as que não sabiam e precisavam trabalhar.

De acordo com a educadora, da ação conjunta das duas correntes (as mulheres que não precisam trabalhar, e as mulheres que precisam e sabem trabalhar) é que deverá sair a redenção daquelas pertencentes à terceira categoria: as mulheres que precisam e não sabem trabalhar. Segundo ela, uma vez firmada a conquista feminina, o primeiro passo a ser pleiteado é o auxílio, como em um socorro, a essa categoria de mulher brasileira, que não está nos salões, na burocracia, nos ateliês e nas fábricas. Mas, que, ignorante e primária, encontra-se na multidão de incapazes que vagueiam pela cidade, e pedem esmolas nos cafés, igrejas e templos.

Defensora da cidadania e dos direitos humanos, Edwiges teve uma vasta trajetória na imprensa. Colaborou como jornalista, em vários Órgãos que defendiam os direitos das mulheres, a exemplo do periódico Escrínio, no Rio Grande do Sul; e de O Lyrio, em Pernambuco, que circulou mensalmente, durante dois anos (de 1902 a 1904) e visava conscientizar as pessoas de que, o único caminho para a libertação das mulheres, era a educação.

Edwiges trabalhou nos periódicos: O Ratazana (livro de sortes, 1918), A Nota (revista, 1921), Revista do Instituto da Sociedade de Letras de Pernambuco (1921) e Vida Feminina (1925). Além disso, colaborou com os jornais diários A Província, Jornal Pequeno e Commercio de Pernambuco. Foi membro da Academia Pernambucana de Letras (1951), e a primeira mulher a fazer parte da Associação de Imprensa de Pernambuco (A.I.P.).

Dentre os poemas que a educadora publicou em O Lyrio, destacam-se: Magno Sonho (O Lyrio, ano 1, nº 12, 1902); Olhos Verdes (O Lyrio, ano 2, nº 5, março de 1903); A um raio de sol (O Lyrio, ano 2, nº 6, abril de 1903); e O Malmequer (O Lyrio, ano 2, nº 7, maio de 1903). Transcreve-se, a seguir, um desses poemas, com a grafia original utilizada na época.

(...)

A BIOGRAFIA completa da autora pode ser acessada em:
http://www.caestamosnos.org/pesquisas_Semira/pesquisa_semira_adler_Edwiges_de_Sa_Pereira.htm

 

 

CAMPOS, Antonio; CORDEIRO, Claudia.  PERNAMBUCO, TERRA DA POESIA - Um painel  da poesia pernambucana dos séculos XVI ao XXIRecife: IMC;  Rio de Janeiro:    Escrituras, 2005.  628 p.
Ex. bibl. Antonio Miranda



PELA NOITE

Anda o silêncio perturbando tudo:
Solerte e audaz as portas do passado
Abrindo, o seu olhar, curioso e agudo,
Entra os recessos desse lar sagrado...

— Na hipocrisia de um desígnio mudo
Que estranho Nume presidiu teu fado?
Só por escárnio tem o cetro e o escudo
Da quietação da paz, do sem-cuidado!

Da alma que muito sofre e já não sonha
Não sei de um só mais íntimo recanto
Que o teu passo não pise, não transponha

Para aguar a dor que não confortas,
Para arrancar sem compaixão mais pranto
Neste insano pavor das horas mortas!


(In História Geral da Literatura Pernambucana, 1955, p. 131)



A UMA ESTRELA

À estrela que acompanhada a lua
Eu, curiosa, perguntei um dia:
—Qual de vós vale mais, a que flutua
No céu azul da minha fantasia.

Ou tu que, no correr da noite fria,
Erras no céu, assim pálida e nua,
Das esferas ouvindo essa harmonia
Que, até de ouvi-la, o velo mar estua?

E a clara estrela disse-me: "Criança,
Quando fanada a última esperança,
A alma ficar-te de ilusões vazia,

Inda hás de ver-me fulgurar, divina:
Mas onde encontrará a que ilumina
O céu azul da tua fantasia?


(In Seleta de Autores Pernambucanos I, 1987, p. 163)

 

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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/pernambuco/pernambuco.html

 

Página publicada em setembro de 2022

 


 

 

 
 
 
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